Foto: Pixabay

Cuidados com a doença descompressiva

Redação Webventure/ Mergulho

Quando mergulhamos usando um equipamento que nos permita respirar debaixo d’água (SCUBA), os gases que respiramos e que não participam da respiração propriamente, conhecidos como gases inertes, passam a se dissolver de maneira intensa em todos os tecidos do nosso corpo. Destes gases, o mais conhecido e comum é o nitrogênio (N2).

Assim, dependendo do tempo e da profundidade atingida, o N2 pode se acumular de maneira intensa em nosso organismo, requerendo procedimentos adequados na subida à superfície (descompressão ) afim de que o excesso deste gás possa ser eliminado através da respiração.

Caso isto não ocorra, pode ocorrer a formação de bolhas deste gás nos mais diversos locais do corpo, levando ao surgimento da chamada Doença Descompressiva (DD). A DD apresenta-se de maneira bastante diversificada, dependendo dos locais onde as bolhas estão se formando e em que intensidade isto está ocorrendo.

Riscos e tratamento:

Sintomas – Normalmente os primeiros sinais ou sintomas da doença surgem de três a seis horas após o final do mergulho, mas podem ocorrer tanto ainda dentro d’água como até mais de 12 horas após o término da imersão.

Classicamente, dizemos que a DD pode se apresentar sob duas formas. Inicialmente numa forma moderada, caracterizada por dores articulares cada vez mais intensas, principalmente em cotovelos, ombros e joelhos, assim como podem aparecer também coceira e vermelhidão na pele. Por outro lado, temos a forma grave da DD, que se apresenta com sinais e sintomas de alterações neurológicas (vertigens, alterações da visão, dificuldade para movimentar as pernas, retenção urinária) e/ou do sistema circulatório (queda importante da pressão arterial, por exemplo).

Com equipamento de mergulho respiramos gases inertes. Foto: Richard Carey - Fotolia Com equipamento de mergulho respiramos gases inertes. Foto: Richard Carey – Fotolia

Entretanto, convém lembrar que esta divisão é apenas uma tentativa de se entender a DD e que mesmo nos casos mais graves podemos apenas observar uma fadiga anormal logo após o mergulho.

Diversos fatores podem aumentar o risco de um mergulhador apresentar uma DD. Entre estes, podemos citar a desidratação antes do mergulho, uma descompressão mal calculada ou mal feita ou então uma velocidade de subida (descompressão) muito rápida. Contudo, no mundo todo tem-se observado a ocorrência de casos de DD, mesmo entre aqueles mergulhadores que tomam todos os cuidados no planejamento e execução dos seus mergulhos.

Isto se deve ao fato de que as tabelas e mesmo os computadores de mergulho usarem modelos matemáticos para se calcular a velocidade, as profundidades das paradas e os tempos de descompressão. Sabemos, também, que nos mergulhos profundos (abaixo dos 40 metros de profundidade) ou quando há a necessidade de se realizar paradas obrigatórias de descompressão, a chance de se desenvolver uma DD é considerávelmente maior.

Tratamento – O tratamento de uma DD é realizado através da recompressão terapêutica em uma câmara hiperbárica a qual, normalmente está longe do local do mergulho. A prevenção, portanto, ainda e a melhor coisa a ser feita.

Mergulhar dentro dos limites da sua certificação de mergulho, manter uma ao forma física e permanecer adequadamente hidratado antes do mergulho, além de se evitar a realização de mergulhos onde haja a necessidade de paradas obrigatórias para a descompressão são pontos importantíssimos.

Entretanto, mesmo naqueles mergulhos onde pode-se subir até a superfície sem a necessidade de uma parada de descompressão, atualmente aconselha-se a se realizar uma parada breve (3 a 5 minutos) aos 3 metros de profundidade, antes de se atingir a superfície. Isto deve ser realizado não com o objetivo de se facilitar a descompressão mas principalmente para se realizar uma “brecada” na velocidade de subida, aumentando assim a segurança do mergulhador.

Eduardo Vinhaes, colaborador do Webventure, é mergulhador, montanhista, espeleólogo, com 20 anos de experiência, e Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). É Instrutor de mergulho três estrelas – CMAS e open water instructor NAUI, coordenador regional da Divers Alert Network (DAN) para o Brasil. Também é Membro correspondente no Brasil da comissão médica da UIAA.

Este texto foi escrito por: Eduardo Vinhaes, especial para o Webventure

Last modified: junho 13, 2002

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure