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Brasileiros vão ao pódio do primeiro campeonato de canoa polinésia realizado em local ancestral do esporte


Emili Janchevis campeã sulamericana de V1 feminina (foto: Divulgação / Nicolas Bourlon)

Após quatro anos de provas realizadas no Brasil, a Ilha de Páscoa, território que pertence ao Chile, recebeu pela primeira vez o Campeonato Sul-americano de Va’a. O esporte é popularmente conhecido como canoa polinésia, muitas vezes confundido com a canoa havaiana, e deriva de uma tradição ancestral. A va’a, como é chamada na língua rapanui, dos nativos de Páscoa, foi utilizada na colonização de boa parte da Polinésia.

A região tem um formato triangular e se estende por 298 mil quilômetros quadrados no Oceano Pacífico. São mais de mil ilhas, desde a Nova Zelândia até o Havaí, passando por Tonga e Samoa no lado oeste, indo até a Ilha de Páscoa, no leste. Essa região é habitada há pelo menos 3.000 anos, sendo que Páscoa é a de colonização mais recente, que aconteceu por volta do ano 1.200.

A Ilha, que recebeu a competição entre os dias 17 e 19 de novembro, também é famosa pelos moais, grandes estátuas de pedra que representam bustos de homens. Por conta da colonização européia, a cultura polinésia de Páscoa quase desapareceu, incluindo aí o uso da va’a. Apenas em 1995, a canoa foi reintroduzida no local. Hoje os rapanui, povo que recebe o mesmo nome que sua língua, estão entre os mais fortes competidores no esporte.

Encontro de culturas. Mais que um esporte, a va’a tem servido como ferramenta para resgatar todo o conjunto da cultura rapanui. Junto com as canoas, o povo da ilha tem reconstruído os antigos rituais e costumes. Durante o campeonato, os brasileiros se surpreenderam com esse misto de hospitalidade e misticismo. Todos os dias, antes das provas, eram feitas cerimônias com reza, danças e comidas típicas, que desejavam boa sorte aos competidores. Ao final de cada dia, os próprios atletas rapanui eram os músicos e dançarinos durante as comemorações.

Equipamentos. Apesar de serem variações do mesmo esporte, as canoas havaianas e polinésias possuem algumas diferenças relacionadas com o lugar de onde vieram. Como o Havaí é uma ilha muito isolada e cheia de ondas, as canoas dessa região são mais compridas, usadas com remos mais longos, próprios para as características do local.

As canoas polinésias, por sua vez, são feitas para águas mais calmas, possuem um comprimento menor. Elas alcançam velocidades superiores e são utilizadas com remos mais curtos. Essa diferença, inclusive, acabou por afetar alguns dos times participantes, que levaram remos mais compridos do que o ideal para as canoas polinésias.

Provas. O campeonato contou com as categorias de canoas para uma pessoa (V1) e para e seis competidores (V6), tanto masculina quanto feminina, subdivididas em open, master e júnior, além da paracanoagem. Ainda houve uma exibição de va’a para três remadores, com uma equipe mista de brasileiros e argentinos.

Com 30 quilômetros de distância, o percurso começava na praia, seguindo por mar aberto, e depois passava próximo da costa até um pequeno porto, onde aconteceu a chegada. Os rapanui mostraram sua proficiência no esporte e levaram o primeiro lugar em cinco de 11 categorias, além da maioria nos pódios. Ainda assim, os brasileiros conseguiram de destacar, como Nicolas Bourlon, vencedor da V1 masculina master.

A Samu Team Brazil conquistou o treceiro na canoa V6 masculina, uma das modalidades onde os rapanui são mais fortes. Os brasileiros largaram em quarto, mas conseguiram ganhar uma posição na altura dos 22 quilômetros, aproximando-se dos primeiros colocados e terminando no pódio. Eles só conseguiram esse feito pois arriscaram mais e remaram perto da praia, em uma área de arrebentação, cheia de pedras.

Entre as equipes femininas, as brasileiras se saírem muito bem, com Emili Janchevis, Silvia Helena Hargreaves e Eliette Bazanella ocupando os três lugares no pódio da V1 open. Leonardo Ghisoni e José Agmarino ficaram com o primeiro e segundo lugar, respectivamente, na paracanoagem V1.

Este texto foi escrito por: Webventure