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A polêmica sobre Mallory: qual a sua opinião?

Arquivo/ Montanhismo

A polêmica sobre Mallory: qual a sua opinião?



Era mesmo de George Mallory o corpo encontrado na semana passada no Everest? Ele teria chegado ao cume antes de morrer, em 1924 (o que o faria conquistador da montanha)? O que Mallory trazia consigo nos momentos finais? Essas e outras perguntas surgiram como avalanche após o anúncio da descoberta não oficial do corpo do alpinista britânico pelos integrantes da expedição inglesa “Mallory & Irvine Research”. Durante a semana, algumas dúvidas foram esclarecidas e outras ficaram sem resposta. A Webventure publica depoimentos cruciais do caso e deixa você tirar suas próprias conclusões. Mande sua opinião para o nosso Muro de Recados (clique aqui).

O Descobridor

“Gostaria de esclarecer algumas coisas sobre o que encontramos junto de Mallory. Muito se questiona sobre o que, realmente, se encontrou ao lado dele. Sei que Dave (Hahn, também integrante da expedição), em seu relato, falou de uma carta da esposa do alpinista. Até agora não tivemos a chance de examinar as cartas cuidadosamente. Para registro, havia várias cartas diferentes de membros da família. A letra de algumas delas é bem ilegível e não se tem certeza de que aquela atribuída à esposa de Mallory era mesmo dela, mas estamos trabalhando nisso.

Havia outras coisas também: várias anotações e listas, além de outros objetos interessantes que vamos tornar públicos mais tarde, nenhum deles conclusivo para saber se ele chegou ao cume ou não. Acho que Dave falou de um altímetro e a faca de mão. Ele tinha ainda uns lenços monografados com as iniciais G.L.M. (George Leigh Mallory) e alguns objetos pessoais.

Outra questão que veio à tona, novamente, é sobre a identificação, se pegamos uma amostra de DNA. A resposta é ‘sim’. Pegamos um pequeno pedaço de pele do antebraço e isto foi feito com conhecimento, apoio e permissão dos familiares. E essa amostra já foi levada de volta à Inglaterra e está sendo analisada em laboratório. Também se pergunta muito se o rosto de Mallory estava reconhecível. Como se leu no registro de Dave, George estava de bruços, olhando para cima da montanha, e todo o corpo estava exposto à exceção do rosto, que não foi escavado.

Houve ainda muita especulação sobre se esse não teria sido o corpo encontrado pelo alpinista chinês, em 1975 (diz a história que o morto era Andrew Irvine). O grupo é inflexível no sentido de que o corpo encontrado jamais havia sido mexido ou visto antes. Além disso, outra duvida é se pensamos em descer com o corpo e a resposta, obviamente, é não. Seria tão inapropriado quando pouco prático fazer isso e, como Dave contou, o corpo foi enterrado depois de uma breve cerimônia.

Muitos alpinistas aqui no acampamento base nos perguntam qual era a posição exata do corpo e não descrevemos isso porque não queremos que o local se torne um ponto turístico.
Assim, estando enterrado num local que não foi revelado, garantimos que não vai haver gente visitando o lugar futuramente, ou pelo menos, teriam muito trabalho para achar o ponto. Finalmente, gostaríamos de avisar a todos que, neste momento, estamos nos concentrando nas próximas semanas, quando tentaremos chegar ao cume do Everest e faremos e a segunda etapa de procura.”



Eric Simonson, líder da expedição “Mallory & Irvine Research”




O Filho

“Eu me coloquei à disposição para fazer um teste de sangue para comprovar a descoberta. Mas não acho que seja necessário. Eles encontraram o nome dele escrito no selo da camisa. O que mais se pode querer?

E também me parece claro que meu pai chegou ao cume do Everest. O pessoal da expedição encontrou os óculos de proteção dele guardados no bolso, o que significa que ele estava naquele local numa hora em que não havia mais sol. Por que ele e Irvine se arriscariam em descer à noite, no escuro, se não tivessem chegado ao cume?

Sobre as cartas de minha mãe, Ruth, que teriam sido encontradas com o corpo, acredito que seja verdade. Ela o amava muito, mas sabia que aquilo era algo que ele tinha de fazer. Era o sonho dele, a última expedição (terceira ao Everest), mas foi feita mais por imposição do Império (britânico) do que pelo desejo do meu pai.”


John Mallory, filho de George Mallory




Os rivais

“Como não existem fotos do cume em 1924, para mim, Edmund Hillary e Tenzing Norgay continuam a ser os primeiros a chegar ao topo (em 1953). O ponto em que o corpo de Mallory foi encontrado e as condições da época sugerem que ele e Irvine tenham desistido antes mesmo do “segundo passo” (a última grande barreira para o cume, na face norte).”


Reinhold Messner, alpinista italiano, primeiro a chegar ao cume do Everest sem garrafas de oxigênio e ajuda dos sherpas e a escalar as 14 montanhas com mais de 8.000m.




Os depoimentos acima foram colhidos nas agências internacionais.

Veja também:

Last modified: maio 10, 1999

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