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Paulista Camila Nicolau chega em segundo em prova na Nova Zelândia

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Trecho de corrida (foto: Alexandre Carrijo)
Trecho de corrida (foto: Alexandre Carrijo)

Mostrando condição física e técnica aprimoradas, depois de quase 1 ano morando na Nova Zelândia, a atleta paulista Camila Nicolau chegou em segundo lugar entre as mulheres em um dos eventos multiesportivos mais difíceis daquele país, o Lake to Lighthouse, prova de 185 quilômetros realizada em dois dias com descanso (leia detalhes na próxima página).

No primeiro dia (18 de novembro), Camila conseguiu abrir uma boa vantagem sobre as concorrentes, durante um trecho de 46 quilômetros de corrida ao redor do Lago Waikaremoana. Esse é um belo trekking, normalmente feito em três dias, que Camila fez em 6h43, 54 minutos atrás de Elina Usher, a primeira colocada. Vale dizer que Elina e seu marido, Richard Usher, dominam essa competição desde seu início, em 2008. Cada um já tinha três títulos e, em 2011, obtiveram o quarto.

Atrás de Camila, no primeiro dia, chegou Helen Chittenden de Nelson, depois de 20 minutos. Com mais 24 minutos veio Rachel Cashin de Taumarunui, que já esteve no Brasil competindo no Brasília Multisport. (Outro competidor que também já estivera no Brasil foi Sam Clark, que ganhou a Lake na categoria duplas, batendo o tempo de Richard pela primeira vez no evento, mesmo que em categorias diferentes).

No segundo dia (19), Camila tinha a missão quase impossível de alcançar Elina que acabou ampliando em mais 41 minutos a vantagem sobre a brasileira e de também manter a vantagem, para garantir a vice posição. De fato, Camila teve ótimo desempenho e controlou as rivais que vinham na cola. Rachel esteve sempre próxima de Camila, com ambas se ajudando mutualmente nas mais de 7 horas de prova do segundo dia. Mas, no final, deu Camila e Helen em terceiro. Elina terminou a prova somando 14h36min27, Camila 16h01min23 e Helen 16h24min56.

No masculino, Richard Usher somou 12h50min43, tendo Trevor Voice (parceiro de treino de Usher na cidade de Nelson) em segundo, 5 minutos atrás. Aliás, esse foi o resultado mais parelho do evento, que obrigou Richard a ter um desempenho fenomenal no segundo dia, para garantir a vitória. Ele chegou esgotado na corrida final, caindo no solo após cruzar a linha de chegada.

Destaque verde e amarelo. Com a performance de Camila, o Brasil foi o grande destaque da prova. Sua equipe de apoio contava com seu namorado kiwi (como se chamam os neozelandeses) Cam Carter, seu pai José Nicolau, o atleta mineiro Flávio Viana, que também mora na Nova Zelândia desde junho de 2010, e eu, que aproveitei para convidar os neozelandeses a virem competir no Brasil nosso país já conta com provas multisporte em Brasília, Florianópolis, Paraty e Rio Grande do Sul.

“Estou muito feliz com esse resultado, já que eu decidi morar neste país porque, na minha opinião, ele tem as melhores condições para treinamento e as mulheres mais fortes do multisporte. Este resultado é sinal de que estou no caminho certo. E, quando eu crescer, serei igual à Elina”, disse Camila, depois da prova. “Senti-me em casa aqui. A paisagem e a cor da água do rio me lembraram Barra do Cunhaú, no Rio Grande do Norte, terra do meu pai [leia na próxima página sobre a região onde aconteceu a prova]. E o calor humano das pessoas, em especial da comunidade maori, me deixou muito à vontade”, disse a atleta a todos os presentes, durante a premiação.

A Lake to Lighthouse Challenge é uma prova diferente do Coast to Coast. Muitos neozelandeses a consideram mais dura. São dois dias de competição, com quatro estágios em cada um. O desafio começa com 16 quilômetros de mountain bike, com 340 metros de subida nos cinco primeiros quilômetros. Depois, mais 14 quilômetros de canoagem em lago, que pode ter altas marolas devido aos ventos da região. A parte mais difícil da prova vem a seguir, com 46 quilômetros de corrida de montanha. Os primeiros 26 são mais planos, mas os 20 finais são bem ondulados. O dia termina com 6 quilômetros de downhill de MTB, voltando para o local da largada.

O segundo dia começa com duas pernas de bike: 23 quilômetros de mountain bike, mais 43 de estradeira. É isso mesmo: além do caiaque, é obrigatório que cada atleta traga duas bicicletas. A seguir, mais 21 quilômetros de canoagem em um rio de águas calmas, sem corredeiras. Para finalizar, 16 quilômetros de corrida, da qual os cinco primeiros e os cinco últimos quilômetros são planos, mas os seis do meio são de sobe e desce.

A prova acontece no Parque Nacional Te Urewera, na região de Hawks Bay, sudeste da Ilha do Norte, na Nova Zelândia. A principal atração do percurso é o Lago Waikaremoana, com a comunidade local maori recebendo o evento e fazendo apresentações culturais. Há uma cerimônia de boas-vindas, a Powihi, com orações de boa fortuna para os competidores na terra sagrada dos maoris.

Logo depois de todos os presentes “virarem da família”, com o tradicional cumprimento local de tocar os narizes e as testas, é servido um almoço. No final da tarde antes da largada, também há um jantar preparado pela comunidade local, de apenas 250 pessoas, com apresentação musical de crianças. Como bem definiu o organizador da prova, Chris Joblin, o Lake to Lighthouse é mais do que um evento: é uma experiência cultural!

Este texto foi escrito por: Alexandre Carrijo, especial para o Webventure

Last modified: novembro 22, 2011

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