Foto: Pixabay

Parque Nacional da Serra da Bocaina

Redação Webventure/ Destino Aventura

Pinheiro-do-Paraná  árvore-simbolo do Parque (foto: Jurandir Lima)
Pinheiro-do-Paraná árvore-simbolo do Parque (foto: Jurandir Lima)

por Jurandir Lima

Proteger a população das principais cidades brasileiras de um possível acidente nuclear nas usinas de Angra I e II, este foi o objetivo da criação do Parque Nacional da Serra da Bocaina em fevereiro de 1971. A idéia surgiu no começo da década de 70, a qual pretendia delimitar um denso escudo protetor, formado por vegetação nativa, nas escarpas da Serra do Mar.

E foi com essa finalidade que as autoridades do governo militar resolveram demarcar o Parque. Hoje, porém, passados mais de 30 anos, essa Unidade de Conservação constitui-se na mais rica amostra preservada de Mata Atlântica no país.

Localizado entre as duas mais populosas capitais do país, Rio de Janeiro e São Paulo, o Parque Nacional abrange terras dos municípios de Parati, Angra dos Reis, São José do Barreiro, Areias, Cunha e Ubatuba, com uma área de 110 mil hectares.

História – A história da unidade é a própria história da colonização do Brasil. A região foi primeiramente explorada pela caça, depois pelo ouro e diamantes (nas Estradas e Bandeiras), servindo com suas trilhas para envio destas riquezas a Portugal. Estas trilhas mais tarde foram usadas para a entrada de cana-de-açúcar e café no Vale do Paraíba. Algumas delas foram alargadas e receberam calçamento feito pelos escravos, para permitir o escoamento da produção já em carretões de tração animal. Hoje estas trilhas constituem o grande atrativo deste Parque, cujo nome teve origem no entrecortado de numerosos caminhos que se estendem pelas depressões da Serra, por entre as elevações do terreno.

Por estar localizado próximo aos grandes centros urbanos o Parque sofre constante interferência humana, desde o desmatamento e coleta ilegal de palmito até a caça e pesca predatória, além de invasões. Em função destes problemas o Parque necessita de cuidados redobrados de fiscalização o que não ocorre por falta de recurso humano (de todos os Parques do Rio de Janeiro, é o que possui a menor quantidade de fiscais).

A Paisagem – A variação da paisagem natural do Parque vai desde uma enseada com praias arenosas (Praia do Cachadaço e Praia do Meio) e uma ilha oceânica (Ilha do Tesoura) na região da Trindade, até despenhadeiros, grotões e vales profundos com bordas recortadas, atingindo os campos de altitude em cotas superiores a 1800 metros. Há muitos rios com belíssimas cachoeiras de águas frias e cristalinas. A principal bacia hidrográfica é a do Rio Mambucaba. Nasce no Parque um dos formadores do Rio Paraíba do Sul, o Rio Paraitinga.

A Vegetação – A flora vai desde as formações costeiras e estuarinas até a floresta tropical pluvial atlântica, com sua incrível biodiversidade ocupando parte litorânea, encostas e maiores altitudes da serra, em cujo planalto a floresta sede lugar aos campos nativos entremeados de matas de galeria, onde ocorrem manchas mais ou menos densas de Pinheiros-do-Paraná e do Pinheiro-bravo. Várias epífitas raras ocorrem na área, em especial nas margens dos rios, tais como as micro-orquídeas dos gêneros Barbosella e Capanemia.

Existe muita madeira-de-lei, como as Canelas-parda, o Guatambú, o Louro, a Sucupira, a Imbuia, o Cedro, o Araribá e o Jequetibá. Também merece citação, dentre muitas palmeiras, o Palmito (Euterpe edulis), muito ameaçado de extinção pelo seu valor econômico.

A Fauna – A rica fauna da região atlântica está bem representada no Parque, inclusive com diversas espécies ameaçadas de extinção como o Mono-carvoeiro, o Barbado, o Sagüi-da-serra-escuro, a Suçuarana, a Jaguatirica, o Gato-do-mato, a Lontra, o Tamanduá-bandeira, o Macuco, o Gavião-de-penacho, o Gavião-real, o Jacutinga, o Papagaio-do-peito-roxo, a Sabiá-cica, entre outros.

A diversidade de espécies vegetais e animais, decorre da variação de altitudes que ocorrem na área do Parque, desde o nível do mar até os 2.088 metros, no Pico do Tira Chapéu, situado no planalto da Bocaina, na divisa dos municípios de São José do Barreiro e Areias.

O Clima – Apresenta-se tropical superúmido, com um período mais seco entre maio e agosto. A época mais chuvosa ocorre no mês de janeiro e a temperatura média anual varia em torno de 23ºC.

O Parque conta com inúmeras opções de trilhas e para chegar até a área preservada é necessária a autorização do IBAMA.

Cachoeira de Santo Izidro Uma queda d’água com 80 metros de altura formando um grande poço com águas geladas, ideal para se refrescar durante as caminhadas. Localiza-se no Rio Mambucaba e a 01 km após a portaria do Parque, sendo uma das mais conhecidas e visitadas.

Cachoeira das Posses Uma bela cachoeira com 30 metros de altura, também localizada no Rio Mambucaba, no caminho da Trilha do Ouro. É um bom local para acampamento durante a travessia pelo Parque.

Cachoeira do Veado Formada por duas quedas d’água que despencam de 200 metros de altura. Um poço formado por esta cachoeira convida os visitantes a um delicioso banho quando se realiza a travessia da Trilha do Ouro.

Trilha do Ouro – Corta o Parque na direção São José do Barreiro-Parati, por um antigo caminho colonial calçado pelos escravos com pedras de rio. Foi usado pelos tropeiros para transportar o ouro de Minas Gerais para os portos de Mambucaba e Parati, a partir do século XVIII. Esse caminho pode ser trilhado pelos visitantes, a pé ou a cavalo. A travessia pode durar 02 ou 03 dias e ao longo da trilha existem áreas para camping selvagem.

Pico do Tira Chapéu Ponto culminante da Serra da Bocaina. Deste local tem-se uma bela visão do mar de morros, da Baía de Parati e Angra dos Reis. Para chegar até ele percorre uma trilha com 06 km a partir da portaria.

Recomendações aos Visitantes – Esta Unidade de Conservação representa uma pequena amostra da Mata Atlântica, o ecossistema brasileiro mais ameaçado. Cabe a cada um de nós, a responsabilidade de zelar pela conservação das belezas naturais que ainda restam, para entregá-las às gerações futuras.

  • Conhecer a legislação ambiental e os conceitos de mínimo impacto;
  • Caminhar somente acompanhado com guia que conheça bem a região;
  • Levar todo o suprimento necessário para realizar as travessias;
  • Obedecer às sinalizações e proteger as placas informativas;
  • Ter cuidado com animais peçonhentos;
  • Não levar animais de estimação ao Parque;
  • Lembre-se: o Parque destina-se à preservação total do seu ambiente, portanto é importante recolher e trazer todo o seu lixo de volta.

    Como Chegar – O acesso é feito pela Rodovia Presidente Dutra até Queluz/SP, depois seguir em direção a Areias e finalmente São José do Barreiro. Seguindo pela SP-221, são mais 27 km até a entrada do Parque em estrada de terra precária e trânsito difícil no período das chuvas (recomendo ir de veículo com tração nas quatro rodas).

    Este texto foi escrito por: Jurandir Lima (arquivo)

    Last modified: janeiro 4, 2000

  • [fbcomments]
    Redação Webventure
    Redação Webventure