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Os cuidados com a aclimatação

Redação Webventure/ Montanhismo

Processo de aclimatação é essencial (foto: Arquivo pessoal/ Tadeu Guglielmo)
Processo de aclimatação é essencial (foto: Arquivo pessoal/ Tadeu Guglielmo)

O que devemos, então, observar caso estejamos indo para algum ponto elevado como por exemplo, na América do Sul, as cordilheiras Real, na Bolívia, ou a Blanca, no Peru? Logicamente, muitos são os pontos que poderíamos discutir mas um em particular e muito importante quando pensamos em altitude é a aclimatação.

Por aclimatação, podemos entender todo o processo pelo qual o nosso corpo passa para que possamos permanecer por um tempo prolongado em altitudes elevadas. Apesar de que não temos grandes altitudes no Brasil, facilmente podemos atingir pontos acima de 3.000 metros em diversas montanhas em paises próximos, seja para acampar, escalar ou esquiar.

Assim, ao atingirmos altitudes elevadas (acima de 2.900m), o nosso corpo lança mão de algumas alterações fisiológicas para que possamos suportar de maneira até mesmo confortável o ar rarefeito. Lembremos que quanto mais alto, menor e a pressão atmosférica presente e, conseqüentemente, menor e a quantidade de oxigênio disponível para o nosso organismo.

Cansaço – A primeira coisa que sentimos é um grande cansaço e falta de ar, mesmo que para atividades físicas leves tais como caminhar ou subir uma escada. Isto deve-se ao fato de que o nosso organismo sente a diminuição na quantidade de oxigênio disponível na atmosfera de maneira que passamos a respirar muito mais rapidamente, para podermos compensar esta deficiência de oxigênio.

Com o passar dos dias, outras alterações vão ocorrendo no corpo humano para melhorar ainda mais a aclimatação. Alterações na composição dos líquidos distribuídos pelo corpo, aumento nos números de mitocôndrias celulares e dos capilares sanguíneos vão ocorrendo, além de uma produção aumentada de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue, enfim, tudo o que pode ser feito para melhorar a captação do oxigênio bem como o transporte do mesmo até a mais distante célula do corpo e usado para que possamos permanecer mais alto e por mais tempo.

Tudo, entretanto, tem seus limites. A aclimatação é realmente efetiva até altitudes próximas dos 5400m. Acima deste ponto, o tempo de permanência e progressivamente menor sendo que acima dos 6000 m, 15 dias já são um tempo bastante longo.

É importante, portanto, sabermos previamente o que pode ser feito para se melhorar ainda mais este processo a fim de se garantir uma estadia saudável e prazerosa em altitude.

Inicialmente, devemos respeitar a velocidade com que estamos subindo. Existe uma regra básica em alpinismo de alta montanha que diz: “subir o mais alto que você conseguir e, em seguida, descer para dormir embaixo”. Assim, uma ascensão deve respeitar uma razão de, no máximo, 500 metros por dia, sendo o ideal em torno dos 300 metros.

Procure não subir diretamente, mas, como colocado anteriormente, no primeiro dia suba mas retorne para dormir em altitudes inferiores. No dia seguinte, então, suba novamente para então poder dormir no ponto mais alto.

Líquidos – A hidratação também e um ponto fundamental. O ar em altitudes elevadas, além de ser frio, é muito seco. Assim, através da respiração perdemos muito liquido de maneira que necessitamos beber algo entre três a quatro litros de água por dia para garantir a nossa saúde. Além disto, o consumo de alimentos principalmente à base de carboidratos (sopas, massas, purê de batata) são recomendáveis nos primeiros dias de aclimatação, pois a falta oxigênio atinge todo o corpo, inclusive a digestão.

Por fim, talvez a melhor providência a ser tomada no caso de se pretender ir a um ponto de altitude elevada seria a de ir devidamente acompanhado por alguém já experiente neste tipo de ambiente. O frio e a diminuição da quantidade de oxigênio na atmosfera são potencialmente perigosos para os novatos uma vez que, normalmente, não são perigosos logo ao chegarmos em uma montanha mas, sim, insidiosamente vão nos pregando peças que podem nos trazer conseqüências bastante sérias e ate mesmo (felizmente raras) fatais.

Este texto foi escrito por: Eduardo Vinhaes, especial para o Webventure

Last modified: agosto 29, 2002

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