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Na Rota do Rally Paris-Dakar 2001: Vai Começar a Aventura

Redação Webventure/ Parceiros

Com o dedo indicador levantado, o fiscal me avisa que falta um minuto. Em seguida, fazendo outro gesto, que restam 30 segundos. Logo depois, abrindo e fechando a mão, que faltam apenas 10 segundos. Finalmente, dobrando os dedos um a um: 5, 4, 3, 2, 1… Acabou a contagem regressiva e o sinal é para acelerar. É hora de tirar o pé da embreagem e gastar a adrenalina.

Num rali, todos os dias começam com uma largada. E mesmo com 14 anos de histórias para contar, a expectativa sempre é grande. O Paris-Dakar 2001 terá a largada no dia 1 de janeiro, na França, em frente à Torre Eiffel. O local foi escolhido a dedo. Afinal, em plena passagem do milênio, uma caravana de 500 veículos, entre carros, motos e caminhões, estará partindo para a 23ª edição do rali mais famoso, difícil e perigoso do mundo. Até o dia 21 de janeiro serão quase 12.000 quilômetros por países da Europa (França e Espanha) e África (Marrocos, Mali, Mauritânia e Senegal).

Nós estamos nos sentindo numa contagem regressiva. Então vamos aproveitar para contar tudo o que acontece nesta prova. A partir de hoje vamos falar das diversas fases de preparação, o treinamento, as diferentes categorias, os objetivos, os adversários, o percurso, as novidades, as comidas, as dificuldades… E haja dificuldade!

Hoje estamos dando mais uma largada. Nós, o Juca Bala, o Luiz Mingione, piloto que fará sua estréia, nossos mecânicos e toda a estrutura da Equipe Petrobras Lubrax colaborarão para trazer cada detalhe, cada emoção desta aventura.

Para dar início a essa série de artigos, faremos uma rápida apresentação da prova, contando como tudo começou. Na década de 70 os europeus, principalmente franceses, já se aventuravam entre Abidjã, na Costa do Marfim, e Nice, litoral francês. Tudo era literalmente uma aventura, até porque os caras se preparavam muito mal. Em 1976, o francês Thierry Sabine participava desta prova competindo de moto, quando ficou perdido no deserto do Saara. Sabine foi pego de surpresa, sem água, comida e equipamento de localização ou sinalização.

Quando a gasolina acabou, Sabine experimentou uma das primeiras torturas do deserto: a dificuldade de ficar parado e a insegurança de tomar a decisão de qual direção seguir. Depois de três dias neste martírio, iniciando uma fase de delírio, Sabine decidiu entregar os pontos à moda Tuareg, expondo a nuca ao sol para a língua inchar e morrer asfixiado. Dizem que assim é menos doloroso que morrer por desidratação ou inanição.

As buscas a Sabine já estavam encerradas, mas um pequeno monomotor cruzava aquela região. Num golpe de sorte, o piloto avistou o aventureiro francês e o resgatou. Quando ele entrou no avião, as primeiras palavras do piloto da aeronave ficaram eternamente gravadas na mente do aventureiro. Ele disse: “Meu amigo, daqui para frente tudo o que você viver será lucro”. De um estado quase de morte, Sabine reagiu e resolveu dar vida a seu sonho. E aí foi criado o temido Rally Paris-Dakar…

Quer saber mais histórias interessantes do rali? Então nos ajude a escrever a próxima coluna. Faça perguntas, envie sugestões e tire suas dúvidas sobre a maior competição off road do mundo. Mande um e-mail: parisdakar@parisdakar.com.br. Até a semana que vem!

André Azevedo, 41, e Klever Kolberg, 38, são pilotos da Equipe Petrobras Lubrax e participam do rali Paris-Dakar há 13 anos.

Este texto foi escrito por: André Azevedo e Klever Kolberg

Last modified: outubro 22, 2000

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