O alpinista Marcelo Leoni, do Centro Excursionista Petropolitano,
conta à Webventure como foi escalar neste mês a Chaminé Brasília, pela segunda vez na história, e dá suas impressões de uma das vias mais difíceis do país.
Localizada na Pedra da Agulha (Pancas – ES), a Chaminé Brasília
é provavelmente a maior escalada neste estilo que se tem conhecimento. Ela foi conquistada em 16 de julho de 1959 por Guisepe Plegrini, Nelson Braun, Emílio Mesquita, Carlos Russo e Rodolfo Kern e é, com certeza, uma das vias mais exigentes. São 450 metros de extensão e 95% em chaminés de vários tipos.
A conquista se deu quatro investidas de cerca de 120 metros, realizadas em nos dias 12, 13, 15 e 16 daquele mês. Nós, do Centro Excursionista Petropolitano, demoramos um pouco para fazer a escalada por vários motivos. O maior foi a falta de hábito neste estilo de via nos deixava mais ansiosos, principalmente ao constatar o estado das proteções. O número de participantes, quatro, foi inadequado para mim. Além disso, é preciso destacar o peso excessivo dos suprimentos, que consistiam em muita água, comida, material de bivaque e material de conquista (furadeira com bateria, mareta, grampos, etc).
O ponto mais difícil foi a grande diagonal por dentro da chaminé, que dificultou muito a passagem da mochila com o material de conquista. Fizemos um bivaque a 2 enfiadas do cume, sem dúvida, um magnífico bivaque, onde a lua cheia nos iluminou até quase o amanhecer. Na manhã seguinte, retornamos à escalada e chegamos no cume por volta das 10h, quando acenamos com mantas térmicas para o pessoal da região, tiramos
algumas fotos e descemos.
Desescalei a enfiada que levava ao cume, pois achei que a corda não iria correr, o que não foi tão simples assim. Com exceção da penúltima enfiada, regrampeamos todos os demais pontos de rapel o que facilitará bastante as próximas cordadas.
Este texto foi escrito por: Marcel Leoni
Last modified: abril 16, 1999
