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Morte de Gabriel Buchmann serve de alerta para cuidados que se deve tomar em uma montanha

Redação Webventure/ Montanhismo

Prateleiras  em Itatiaia (foto: Alexandre Cappi/ www. brstock.com.br)
Prateleiras em Itatiaia (foto: Alexandre Cappi/ www. brstock.com.br)

A morte do brasileiro Gabriel Buchmann, no Monte Mulanje, no Malauí (saiba mais), abre uma discussão para perigos reais que se pode encontrar em qualquer montanha, principalmente no Brasil, onde há regiões muito freqüentadas que possuem clima e altitude semelhantes ao local que o brasileiro estava.

A causa apontada da morte de Gabriel foi hipotermia, que é a diminuição da temperatura corporal. Porém, isso pode não ser a única causa. “Pode ser que os legistas tenham feito um diagnóstico de exclusão. Eles não encontram mais nada e acharam que o individuo pode ter chegado a exaustão, parou, esfriou e morreu”, disse o Dr. Clemar Corrêa, especialista em neurocirurgia e medicina esportiva, e uma das maiores autoridades em medicina de provas de aventura no Brasil.

Segundo o médico, “qualquer pessoa que morrer em uma montanha, vai ter sinais de congelamento. Nesse altura não há edema cerebral de altitude, nem edema pulmonar de altitude, pois isso só acontece acima dos 7.000m de altitude”. O ponto culminante do Sapitwa, onde o brasileiro foi encontrado, tem 3.002m.

Amigos do brasileiro também questionam as causas da morte, e descrevem Gabriel como uma pessoa precavida, que sempre saia de casa com os equipamentos necessários. “A dificuldade não é a escalada, e sim, estar em um ambiente natural sem abrigo, sem roupa adequada, barraca, calçado. O homem é muito fraco para as forças da natureza. Tem que se resguardar ao máximo. Cabe a cada um se avaliar”, afirma o montanhista brasileiro Rodrigo Raineri. “Em alguns casos, um dos sintomas de hipotermia é a pessoa sentir calor e tirar peças de roupa”, comenta.

Raineri, que já chegou ao cume do Monte Everest, montanha mais alta do mundo com 8.845m, alerta para os perigos em qualquer ambiente natural. “Não podemos subestimar as forças da natureza. Por mais que se faça um planejamento, esteja organizado, pode-se ter problemas”, diz o montanhista. “Se não tem muita experiência, tem que colocar um limite mais baixo. Claro que sempre tentamos empurrar o limite, mas temos que saber a hora de voltar”, analisa.

Montanhas brasileiras – O Brasil possui diversos locais com altitudes próximas ao Monte Mulanje, onde o brasileiro foi encontrado morto. Um dos principais locais é o Parque Nacional do Itatiaia, onde se localiza Pico das Agulhas Negras (2.792m). Na Serra da Mantiqueira, que também compreende essa região, está o Pico da Pedra da Mina (2.798m). “Já aconteceu de muita gente morrer na Mantiqueira por causa de frio. Mesmo no Itatiaia, pessoas botaram fogo no parque, pois haviam se perdido e fizeram fogueira para se esquentar”, relembra Rodrigo.

“O ambiente, mesmo que pareça seguro, é agressivo. O Sol mata de hipetermia e desidratação; o frio mata de hipotermia. Temos que ser humildes, pois a natureza é implacável”, diz Raineri.

Localizado na Serra do Imeri, Amazonas, o Pico da Neblina é o ponto culminante do Brasil, com 2.993m.

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Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni

Last modified: agosto 7, 2009

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