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Dakar 2018: Varela e Gugelmin assumem 3ª posição nos UTVs depois de prova “cega”

Redação Webventure/ Sem categoria

Depois de superar com uma ‘gambiarra à brasileira’ os problemas de suspensão na 3ª etapa do Rally Dakar 2018, a dupla Reinaldo Varela/Gustavo Gugelmin ultrapassou outros obstáculos na 4ª perna da disputa e chegou na segunda colocação no trecho. Com o resultado, os brasileiros assumiram a terceira posição da modalidade UTVs.

Nesta terça-feira (9) foram 444 quilômetros percorridos na cidade peruana de San Juan de Marcona, sendo 330 cronometrados. Varela e Gustavo fecharam o trajeto em 6h09min18s. E por pouco não venceram a etapa. Dos seis waypoints de marcação do trecho, os brasileiros passaram na frente em cinco deles. No penúltimo, estavam cerca de 9 minutos à frente dos adversários. E aí começaram os problemas.

Zeca Sawaya e Marcelo Haseyama no Rally Dakar 2018 Foto: Duda Bairros/Vipcomm

Zeca Sawaya e Marcelo Haseyama no Rally Dakar 2018 Foto: Duda Bairros/Vipcomm

Varela, que já dirige o UTV Can-Am sem direção elétrica há quatro dias, teve de controlar a temperatura do motor. Com o sol forte e o vento a favor, a máquina esquentava demais. A solução foi virar o veículo de frente para o vento algumas vezes e esperar resfriar naturalmente. Mas, numa dessas manobras, a correia estourou. Após a troca da peça, o UTV não ligava, porque ficou sem bateria. Usaram uma pequena, de reserva, guardada justamente para esses casos. Ligaram o Can-Am e terminaram a etapa.

Porém, foram ultrapassados pela dupla formada pelo francês Patrice Garrouste e pelo suíço Steven Griener, líderes também da classificação geral entre os UTVs. A segunda posição geral da categoria é dos peruanos Juan e Javier Uribe.

Sem enxergar nada!

“Foi muito difícil. Uma especial com dunas altas, muito tempo subindo, três ou quatro quilômetros. A poeira estava mais rápida do que a gente”, relatou o piloto Reinaldo Varela, cansado, ao chegar ao acampamento. Ele relatou ainda a dificuldade de dirigir com areia levantando das dunas. “Pegamos um lugar que tinha talco que tampava tudo (a visão). Sequer enxergava o Gustavo (navegador, ao seu lado no veículo)”, frisou o experiente Varela, que estava com a sapatilha, o macacão e até o boné cheio de areia – ressalte-se que o UTV não possui para-brisa.

O piloto brasileiro está confiante no conserto da direção elétrica para a 5ª etapa, nesta quarta-feira (10/1), quando percorrerão a longa distância de 934 quilômetros, de San Juan de Marcona até Arequipa. Sem ela, Varela tem feito esforço descomunal para guiar o UTV. “Quem sabe não ganho uma direção nova. Aí sobra saúde”, afirmou, com bom-humor.

A outra dupla brasileira nos UTVs, Zeca Sawaya e Marcelo Haseyama (UTVs Polaris), teve problemas nas etapas até aqui, receberam punições e está na 9ª e última posição geral.

Marcelo Medeiros toma susto, bate em pedra, mas termina o dia bem

O maranhense Marcelo Medeiros passou por um grande susto na 4ª etapa do Rally Dakar 2018. O piloto fechou os 444 quilômetros nas dunas da cidade de San Juan de Marcona (Peru) em 13º lugar, com o tempo de 5h27min28s. Na classificação geral dos quadriciclos, também é 13º – ganhou 7 colocações nesta etapa –, com 16h16min39s.

Entre as altas montanhas de areia e os cascalhos, Marcelo Medeiros quase se acidentou nesta terça-feira (9/1). Pegou pela frente dois pilotos de moto perdidos, que levantaram muita poeira. Ao desviar deles, chocou-se com uma pedra. Feriu levemente a mão, mas continuou o rali.

Ao chegar ao acampamento, Marcelo falou sobre a dificuldade do trecho. “Foi muito complicado. Muita gente vai ficar pelo meio do caminho. Tem muitas dunas altas, depois baixas, com muitas pedras pelo caminho também. Com a poeira e o vento fote, é difícil ver os equipamentos de navegação.  Mas chegamos bem. Agora é se preparar para amanhã”, disse.

Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin no Rally Dakar 2018 Foto: Daniel Halac/Vipcomm

Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin no Rally Dakar 2018 Foto: Daniel Halac/Vipcomm

Brasileiros abandonam na categoria carros

Os brasileiros Jorge Wagenfuhr e Idali Bosse abandonaram o Rally Dakar 2018. A dupla, que disputava na categoria carros, teve ajuda externa para consertar o veículo na 3ª etapa e deixaram a competição – como prevê o regulamento.

Jorge e Idali tiveram muitas dificuldades desde o início da prova, dia 6. Mesmo com experiência em diversas edições do Rally dos Sertões e do  Rally RN, disputados no Brasil, a dupla sucumbiu aos imponderáveis acontecimentos característicos do Dakar, a maior competição off-road do planeta.

De início, tiveram problemas com o aquecimento do motor e foram obrigados a instalar um terceiro radiador. Além disso, escolheram pneus errados nas duas primeiras etapas. O carro ficava instável e acabaram atolando diversas vezes. Passaram praticamente um dia todo tirando o carro da areia. E dormiram ali mesmo, nas dunas.

“Cavar, cavar, cavar. Nunca cavamos tanto em nossas vidas. Acredito que devemos ter descarregado mais de duas carretas de areia. Chegamos à exaustão. Mas olhávamos um para o outro e não desistíamos. Nosso macaco manual quebrou já na primeira”, contou Teta, em depoimento emocionado. “Fomos até onde aguentamos”, disse Idali, sobre o esforço, perseverança e a vontade de continuar no rali.

Na primeira e segunda etapas, 76º e 74º lugares, respectivamente. E, apesar do cansaço, pensamento positivo e energia para encarar os desafios que viriam pela frente. Na 3ª etapa, pneus novos, com maior tração e equilíbrio para enfrentar as traiçoeiras dunas do Peru. Motor trabalhando bem. O medo das monstruosas dunas do Peru deu lugar à confiança. Ultrapassaram diversos veículos, muitos deles atolados pelo caminho.

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Mas, a sorte não estava do lado dos brasileiros na estreia deles no Rally Dakar. “Caímos em uma duna que terminava em 0 e caímos uns seis metros. Quebrou o diferencial traseiro. Blocamos o carro e não saiu só com a tração dianteira. Ligamos por satélite e pedimos o diferencial. Conseguimos retirar o diferencial e quando a equipe chegou, trocamos”, descreve o piloto Teta.

“Informamos a organização que estávamos saindo da prova devido a ajuda externa que obtivemos”, completou o brasileiro. “Aprendemos muito no mais difícil rali do mundo. Saímos com mais experiência de dunas, mas sempre respeitando, principalmente porque elas estão em constantes mudanças. De um dia para outro, mudam de lugar”, finalizou. Agora, a dupla Teta/Ideli se prepara para mais um Rally dos Sertões, em agosto – largada em Goiânia (GO) e chegada em Fortaleza (CE), e outra participação no Dakar 2019.

Last modified: janeiro 10, 2018

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