A 44ª Semana de Vela de Ilhabela que começou no último fim de semana e vai até domingo (16), tem personagens de todos os tipos participando das competições. Uma das figuras interessantes é Carina Seixas, comandante do Criloa, um barco com tripulação feminina em maior número, sendo 4 mulheres e 2 homens.
A carioca aprendeu a velejar na infância, acompanhada de seu pai, depois de anos voltou a praticar o esporte e ao perceber sua forte ligação com o mar, resolveu morar em um barco. Não é o sonho de ninguém morar em um 23 pés, mas achei melhor simplificar a vida. Passei cerca de 8 meses arrumando ele e o tornando mais confortável, depois parti para a aventura.
Espaço no barco é valioso, então o planejamento é essencial. Morei um tempo na Marina e depois escolhi viver onde minha âncora caísse. Uma experiência diferente e surpreendente, é uma vida tão prazerosa que fiquei em choque de como gostei, depois comecei a ver que realmente queria morar a bordo, conta Carina.
Mulheres a bordo
Em uma competição onde 85% dos participantes é homem e apenas 15% mulheres, a comandante explica que não sente muito preconceito, nem medo. Acabei de viajar 80 milhas de Angra até Ilhabela, foram 6h navegando sozinha e superando meus próprios limites.
Gabriela Costa tem apenas 22 anos e participa pela primeira vez como tripulante na Semana de Vela. Aqui no barco não temos uma função específica, nem ligamos muito para as definições, porém cada um busca fazer o seu trabalho da melhor forma, assim tudo dá certo. Comecei como tripulante mirim em 2009, na escolinha de Vela de São Sebastião e agora sim é minha primeira participação, oficialmente, conta.
Criloa e sua história especial
O Criloa tem um significado especial, muito além de apenas ser utilizado para competições. Segundo Carina, o modelo construído nos anos 70 foi utilizado em uma expedição vinda da Cidade do Cabo, na África do Sul, até o Rio de Janeiro, onde a tripulação era composta somente por mulheres.
Saber que esse barco tem uma alma feminina me atrai muito, além disso ele tem curvas encantadoras, mastro dourado e toques cor de rosa, um charme.
Vida a bordo
Sempre fui muito bem recebida por moradores dos locais onde atraquei, me sinto protegida pelos vizinhos de mar. Às vezes me pergunto se é porque sou mulher, mas acho que não, porque sinto que essa é uma atitude de quem ama o mar, existe um prazer em transmitir experiências, em ajudar.
A coragem e o desapego são itens essenciais para quem quer viver no mar. É uma vida leve em muitos sentidos, como a proposta de aproveitar o tempo no seu próprio ritmo, mas ao mesmo tempo exige forças nos trabalhos manuais do barco e a proximidade com a natureza. É energia mas ao mesmo tempo é cansativo, um lugar que me aceita como eu quiser estar, finaliza.
Este texto foi escrito por: Christina Volpe
Last modified: julho 12, 2017