Foto: Pixabay

Andrea Guasti conta sobre viagem de barco à Antártica

O relato abaixo é do empresário, Andrea Guasti, que realizou uma viagem com mais 11 amigos por três semanas de pura aventura com destino à Antártica. As experiências foram transformadas em um livro com apresentações de todos os tripulantes e os preparativos, antes até depois da viagem. A obra não tem objetivo de ser um manual de orientação ou trazer em pautas assuntos como poluição ambiental. Apenas são relatos dos amantes do mar.

A curiosidade move a humanidade e é um prazer interagir com povos e costumes distintos, ter flexibilidade para eliminar dogmas e travas. A partir desta teoria resolvi realizar uma das viagens mais alucinantes pelas águas geladas da Antártica. Eu e mais 11 amigos, sendo nove tripulantes amadores e três profissionais no assunto, embarcamos no veleiro alugado por dois anos de Amyr Klink, o Paratii2.

Foi incontrolável a emoção quando Marco Belda, amigo que fez contato com Klink, me convidou formalmente para a expedição. Começava aí uma viagem das mais geladas da minha vida. De Ushuaia (ARG) até a Antártica.

Acampamento fez parte da viagem para os tripulantes pisarem um pouco em terra firme. Foto: Arquivo Pessoal. Acampamento fez parte da viagem para os tripulantes pisarem um pouco em terra firme. Foto: Arquivo Pessoal.

O barco foi reformado. Trocamos os eixos e baterias. Colocamos mais um banheiro e uma infinidade de detalhes para deixar impecável a nossa jornada. Só para vocês entenderem, o navio tinha quase 100 pés de comprimento (equivalente a 30 metros), por nove metros de largura, totalizando 100 toneladas.

Cada um dos tripulantes recebeu missões na organização, como comprar comidas e bebidas, para uma possível necessidade de ficar por um ano presos no gelo. Compramos barracas, raquetes de neve, cilindros, incluindo um curso de mergulho técnico com roupas secas próprias para entrar nas águas geladas do oceânico Antártico. Para testar tudo e todos, realizamos uma viagem de Vitória a Abrolhos, na Bahia. Consequentemente, aumentou o entrosamento dos amigos e ajustamos mais detalhes para a futura grande aventura.

O veleiro foi navegando para Ushuaia e nós fomos de avião. No final de março nos encontramos para embarcar, levantar os panos e começar a viagem.

A passagem pelo Drake é considerada uma das piores do mundo, pois une a ponta extrema da América do Sul com a Península Antártica. São 800 quilômetros com ondas enormes, furacões, neblina e icebergs, nas proximidades do continente gelado. Esperamos alguns dias para que uma janela de tempo deixasse o mar um pouco melhor, algo que não aconteceu na volta.

Enquanto isso, o tempo não nos ajudava, fizemos excursões nos Dentes de Navarino, no Chile, considerado um dos trekkings mais bonitos do mundo. Entre Centollas (caranguejos gigantes) e Merluza Negra (peixe), fizemos ótimas refeições sob o comando de Alberto Kunath, nosso amigo que se voluntariou para ser o chef da embarcação. Finalmente zarpamos com velas abertas buscando o rumo de Deception Island, nossa primeira parada.

Após três intensos dias fazendo turnos de quatro horas e zigue-zague nos icebergs, entramos na boca do vulcão ativo de Deception. Comemoramos a chegada com a emoção de ver os primeiros pinguins e leões marinhos.

Nos dias seguintes de viagem, nosso líder de expedição, Fábio Tozzi, nos orientou em escaladas, visitas a bases antigas, passeios de botes, acampamento no gelo e um incrível mergulho a menos 0,8º C.

Tivemos o prazer de encontrar com três baleias jubarte. Um momento especial foi quando uma delas levantou a cabeça nos olhando e passou a poucos metros do barco, respondendo aos nossos chamados.

No livro, há três capítulos sobre os antigos aventureiros da chamada Éra Heroica, que nos ajudaram a dar uma dimensão das limitações, dificuldades e riscos reais, até hoje impossíveis de controlar totalmente.

Para encerrar, pegamos o Drake de volta com ondas de 15 metros e um ciclone. Com certeza, esta experiência será contada por nossos netos.

De volta ao escritório, lembro das boas lembranças que garantem o equilíbrio para nos manter saudáveis nesta selva que chamamos civilização. Saibam que não ter sinal de celular por três semanas, não fez a mínima diferença.

O livro é da Editora Ofício das Palavras, tem 248 páginas, 19 capítulos e belas fotos. O livro custa R$ 80 e pode ser encontrado em livrarias ou também pode ser adquirido pelo site www.oficiodaspalavras.com.br.

Este texto foi escrito por: Andrea Guasti, especial para Webventure

Last modified: setembro 20, 2013

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